Tudo indica que, em 2015/16, os alunos do 4º ano não vão ser examinados externamente por provas comuns e centralmente elaboradas. A decisão substancial parece-me razoável; o processo que a sustentou é absurdo e demonstra desinteresse sobre o funcionamento das escolas e sobre a dinâmica de trabalho dos professores.

Neste sentido, os exames nacionais do 4º ano podem introduzir uma confusão sobre a natureza do percurso do primeiro momento da escolaridade, definindo uma meta que é o exame nacional e centralizado, obrigando professores e escolas a adaptar os olhos, a inteligência e o coração a critérios uniformizados. Penso que, por outro lado, é fundamental que os alunos do 4º ano sejam chamados à consciência de terminar um ciclo e que sejam avaliados sobre os termos em que foram ensinados. A diferença está na centralização e uniformização desse processo em vez de confiar no profissionalismo dos professores que têm essa responsabilidade.
Tudo isto requer reflexão, planificação, organização. E tudo isto implica muito trabalho não lectivo dos professores, que preparam o ano seguinte em Junho e Julho, tomam decisões, fazem escolhas, abdicam de umas coisas em função de outras. Os professores que ensinam o 4º ano em 2015/16 prepararam certamente o ano, sabendo que, em Maio de 2016, os alunos seriam chamados a realizar um exame. Mudar as regras do jogo a meio é uma irresponsabilidade, independentemente da posição de fundo que se tenha sobre o tema.
Em geral, eu não acho mal que haja exames nacionais no 4º ano; só acho melhor que não haja. Ainda assim, tenho a certeza que jogar ao põe-exame, tira-exame, prejudica os milhares de alunos, professores e famílias porque os sujeita às bandeiras que os partidos vão abanando uns aos outros, em jeito de pirraça, num assunto sério demais como a educação e o ensino.
Catarina Almeida
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