Antes de ser pai achava que o facto de ser professor me iria
ajudar a educar os meus filhos de forma mais completa. Nada de mais errado.
Cada ano que passa sinto mais o peso dos erros que cometo ou dos acontecimentos
que me passam completamente ao lado.
Este fim de semana foi o Bazar de Natal no Colégio dos meus
filhos. Um dia cheio de concertos, teatros, compras de Natal… E conversas com
alguns professores que se iam cruzando comigo nos corredores. Ficou-me na
memória o encontro com a Professora Isabel que, não sendo professora de nenhum
dos meus filhos, os conhece perfeitamente. Começou por me contar um episódio
que envolvia a Ana C. e o David.
Como professora de Português e Teatro, contou-me uma
história que lhe tinha acontecido durante a semana. Não me recordo bem da
história, mas o que me ficou foi a maneira como imitou os dois: o modo de
falar, os gestos, a posição das mãos, a expressão da cara… Enquanto olhava
estava, literalmente a tomar consciência dos gestos que eles fazem,
reproduzidos por uma professora que não está diariamente com eles. Que
maravilha, pensei. Ter a possibilidade de ter os meus filhos num local onde os
educam com este olhar atento, até ao capilar, ao mais pequeno pormenor, por um
adulto do Colégio que o que faz é estar presente e ver cada um como um todo.
Confesso que eu nunca tinha reparado na maioria dos pormenores e, agora, estou mais atento e vejo-os com efeito amplificado.
Como pai, tomar consciência que os meus filhos são assim
olhados deixa-me tranquilo e com a certeza de que, assim ensinados, serão
adultos mais completos. Como professor, peço para estar mais atento a cada
pormenor, afim de conhecer cada um dos meus alunos como um todo e ajudá-los com
o mesmo olhar que aquela professora me descreveu.
José Feitor
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