Três histórias dos últimos dias:
Primeira – apresentando o Colégio
a uns Pais, chegámos ao momento de falar da aliança com a família. Disse-lhes
que a filha deles é um tesouro que eles só podem confiar a alguém que estimem.
E que também nós só podemos educar uma criança, com estima pelos Pais. Que não
somos cliente e fornecedor, mas adultos que iniciam um caminho de amizade em
torno da belíssima tarefa de educar uma criança. Prometi-lhes que a abraçaremos
tal como é, com mais, ou menos, saúde, inteligência, bom comportamento. Que
tudo enfrentaremos juntos.
O Pai, que estava mais calado,
disse-me: “acho que tenho que lhe mostrar a fotografia da minha filha”. Puxou
do telemóvel e ali ficámos os três a desfiar imagens de uma criança risonha e
cheia de vida, enquanto eu me comovia por aquele gesto: acabar a conversa a
olhar para a criança concreta que ali nos juntava foi um primeiro passo de
comunhão.
Segunda – uma Mãe testemunha num
encontro de diretores de escolas católicas. Alguém pergunta se não se estará a
exigir demais destas escolas, chamadas a ir bem para lá da sua responsabilidade
académica. A resposta vem clara e pronta: sim, as famílias têm cada vez mais
necessidade de ajuda, esperam muito, pedem tudo. Cabe à escola decidir até onde
está disposta a responder.
Terceira – recebo uma mensagem de
agradecimento do Pai de uma das alunas com quem passei o fim-de-semana de
Carnaval: “assim a minha filha cresce como eu sempre imaginei”.
Lembro-me de Péguy: um homem de
40 anos pode ter desistido de ser feliz, pode ter-se tornado cético e cínico,
mas, diante de um filho que nasce, deseja para ele o que já não consegue
desejar para si mesmo.
É este desejo que encontro
diariamente nos Pais dos meus alunos. Sob as mais diversas formas, da defesa à
partilha, da reivindicação ao reconhecimento, da intranquilidade à confiança.
Desafio-me a tê-lo como ponto de partida, como critério de exigência, como
grito pela totalidade, como esperança inquebrantável. Preciso de maternidade e
paternidade para ir ao fundo da missão que me está confiada.
Às vezes, não poucas, olhando
assim para as famílias, sem barreiras, sem esquemas formais, sem justificações,
acontecem encontros profundos, que vão para lá do que se passa com os filhos e
em que me vejo chamada também eu a ser Mãe. Dos pequenos e dos grandes.
Começo esta semana grata por
todas as Mães e todos os Pais dos meus alunos. Desejando aprender com a
potência do seu amor pelos filhos. E pedindo para mim “um coração grande e
indomável, que nenhuma ingratidão possa fechar e nenhuma indiferença possa
cansar” (Grandmaison).
Madalena Fontoura
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