Por estes dias, há uma sucessão
de datas que nos fazem pensar na escola católica: 28 de janeiro, dia de São Tomás,
31 de janeiro, dia de São João Bosco, 4 de fevereiro, dia de São João de Brito.
Porque é se fizeram escolas ao
longo da História da Igreja? E porque é que continuam a fazer-se hoje? Na
origem de cada uma está sempre uma missão e uma certeza.
A missão é uma paixão pelo
humano. Uma paixão única e inconfundível, muito mais do que uma inclinação de
personalidade, ou um interesse profissional. É a paixão de quem olha o outro, a
partir da própria experiência de ter sido elevado, tornado novo, redimido.
Cristãos tornam-se fundadores,
freiras e monges fazem-se professores, raparigas e rapazes seguem vocações de
entrega à educação, mentes brilhantes aceitam trilhar a estrada humilde e
grandiosa do ensino aos mais novos. Todos têm em comum sentir-se feridos pela
pobreza. Não só a pobreza de quem não tem pão ou teto, mas a falta de
horizonte, de conhecimento do mundo, de ferramentas para ler a realidade e
entendê-la.
A certeza é aquela ingénua e
potente, humilde e segura, comovida e alegre confiança, que nos vem de saber
três coisas: fomos criados pela iniciativa de Deus e por isso sabemo-nos
amados, necessários e herdeiros de tudo o que existe; toda a realidade é
criação de Deus e por isso foi feita à medida da nossa capacidade de a conhecer
e compreender; fomos salvos e por isso nenhum erro, da inteligência ou da
vontade, tem a última palavra.
As escolas com que a Igreja
enriqueceu o mundo foram sendo lugares de encontros fecundos entre mestres e
aprendizes, lugares de crescimento humano e de liberdade criadora.
O desafio mantém-se. A pobreza de
conhecimento já não é o analfabetismo ou a impossibilidade de ir à escola, mas
a tendência para aceitar como certo tudo o que é de apropriação fácil e
formulação atraente; a tentação de se contentar com o superficial e não ir mais
fundo; o brilho do falso; o ruído do oco.
Por isso o desafio da escola
católica hoje é mais do que ensinar com métodos eficazes, ou catequizar em
paralelo com o ensino. O desafio é o da verdade. A verdade das coisas, o seu
significado, a sua relação umas com as outras. O desafio é libertar-nos do
fascínio pelo nada, que ocupa o espírito e condiciona a vontade. O desafio é repovoar
o presente com o legado dos “gigantes” que nos precederam para que não nos
pensemos desligados, à deriva, sozinhos.
O desafio está nas leituras que propomos,
na história que contamos, no modo como fazemos ciência, na arte que ensinamos.
O desafio está nas sugestões de tempo livre.
O desafio está, por isso, antes
de mais, no que lê, no que vê, no que se dispõe a aprender, no que vive, o
próprio professor. E essa é hoje uma das grandes marcas da escola católica: ser
um lugar de encontro, onde os adultos se estimam e descobrem amigos, porque
mutuamente se encorajam a não se deter, a ir mais além. Pelo bem dos seus
alunos e pelo seu próprio bem.
Começo a semana, querendo
conservar limpas a certeza e a missão que me fazem amar a escola. E desejosa de
que o começo de cada dia seja um sim à verdade, que torne fértil o terreno do
meu coração.
Madalena Fontoura
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