Discutia-se educação. Escolhas
curriculares, critérios, métodos, resultados. A certa altura, foi defendido o
ensino de uma disciplina que me parecia dispensável por não acrescentar grande
conhecimento e ser fácil de aprender fora da escola. Perguntei porquê. A
resposta foi: porque dá satisfação. Satisfação? Que
critério é esse? A professora experiente que o defendia explicou a sua ideia.
Para os alunos é importante fazer a experiência de ficar a dominar aquilo que
aprendem. Como há disciplinas mais exigentes onde é difícil alcançar esse
objectivo, deve haver outras onde o acesso a esse gosto seja mais fácil.
Parece simples e óbvio. Mas para
mim foi uma provocação. No meio de uma cultura de facilidade e imediatismo,
tendo a considerar redutoras as objecções que se baseiam na dificuldade e na
aridez do caminho a percorrer para atingir o ideal. Parece-me prestar um
serviço aos meus alunos, fazendo-os levantar os olhos acima das resistências
mais instintivas, como a preguiça, o tédio, a irresponsabilidade.

Fazer a ponte entre a pessoa e a
realidade, abrindo caminho ao interesse e à curiosidade, tão próprios do
humano, é o grande êxito de todo o esforço educativo. E se tudo concorre para
entorpecer este passo, então precisamos, mais do que nunca, de arriscar
caminhos improváveis, partindo dos alunos concretos que temos diante de nós e
das suas circunstâncias.
Fiquei com vontade de cultivar em
mim uma atenção no olhar, uma sabedoria no avaliar e uma liberdade no escolher.
No fundo, a genialidade educativa que vejo em grandes mestres, que são, sempre
e antes de tudo, grandes homens.
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