Era a segunda aula de Religião do
7º ano. Da primeira tinha ficado a seguinte pergunta para eles pensarem em
casa: “Tendo ou não tendo fé, que sinais encontras no mundo da existência de
Deus?”
As respostas foram as mais
variadas: a Bíblia, o Sudário de Turim, as Aparições de Fátima, o Papa
Francisco, algumas doenças na família curadas depois de muita oração, a beleza
da Natureza, os mártires, os registos romanos do nascimento de Jesus e por aí
adiante.
Havia uma clara confusão entre Deus
e Jesus, entre o sentido religiosos e a fé, já se sabe. Mas temos tempo para ir
trazendo isso à luz, nas próximas aulas.
A novidade veio de alguns dos
argumentos usados. Vários alunos disseram que se há tanta gente que acredita,
que escreveu e que até deu a vida, com certeza não estão todos enganados.
Foi isso que me impressionou.
Especialmente conhecendo alguns dos que o disseram, que estão longe de ser
dóceis, crédulos ou ingénuos. Muito pelo contrário.
Girl at the Window, Balthus |
Depois não faltou vivacidade para
a verificação. A discussão foi riquíssima e deu para uma aula inteira,
interessante e participada – e era sexta-feira à tarde!
Fiquei a pensar no desafio que é
educar assim, especialmente dar aulas de Religião assim: partindo de uma
hipótese explicativa da realidade e provocando uma verificação na primeira
pessoa. Como é tão mais fácil fazer só a primeira coisa e prescindir deles, ou
fazer só a segunda e deixar tudo entregue à reatividade.
Começo a semana, grata pela
limpidez dos meus alunos do 7º ano, desejosa de cultivá-la e com a provocação
de também criar em mim uma posição adulta que, resistindo à tendência geral de
suspeita e desconfiança, se conserve acolhedora e limpa, em todos os encontros,
em toda a aventura do conhecimento.
Madalena Fontoura
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