Passam hoje
vinte e seis anos sobre a morte de Maria Ulrich.
No livro Encontro com Maria Ulrich no século XXI,
as autoras escolheram como epígrafe, sobre o momento final da vida terrena de
Maria Ulrich, a expressão «uma missão entregue», escrevendo que «A vida de
Maria Ulrich foi sem dúvida um bem para todos os que com ela conviveram mais de
perto e também para aqueles de nós que chegando mais tarde puderam encontrá-la.
Dentro do desígnio misterioso e bom que rege todas as coisas, uma vida assim
foi certamente um bem para todo o mundo. Não terá certamente passado pela
cabeça de Maria Ulrich, pelo menos nos momentos iniciais, que o seu encontro
com Júlia Guedes viesse a ser tão determinante na sua vida, mas a sua história
pessoal torna evidente que a semente lançada pela presença e pela amizade de
Júlia veio a germinar em muitas e variadas obras […]. Para nós, que a
encontrámos depois, em pleno século XXI, […] fica a vontade, o desafio e o
compromisso de levar a vida com idêntica paixão e com a sede de infinito que
sempre a caracterizava […]».
Neste momento da
nossa história, em que a sociedade portuguesa tem sido abalroada por factos desconcertantes,
olhemos para a vida de uma mulher que repugnava a mediocridade, acreditava na
força existencial dos homens, ao ponto de ter dedicado a sua própria existência
a educar adultos na consciência de quem são, para cimentar o desejo de
construir um mundo melhor.
Foi no
encontro com a sua amiga Júlia Guedes que decidiu dar crédito a uma
circunstância que fazia vibrar o coração, que a chamava, que se apresentava
como vocação (vocare). Vemos, hoje,
que a vida da Maria, assim vivida, construiu, edificou lugares, pessoas, obras,
amizades.
Num mundo que
parece desmoronar lentamente, cheio de lugares, pessoas, obras e amizades
destruídas, teremos ainda desejo de contribuir, dedicando o nosso trabalho,
enquanto expressão do nosso ser, ao bem-comum?
Servir no
mundo, construindo lugares de Bem, de Beleza e de Verdade afigura-se como
caminho fascinante, que permitirá ir vivendo para que a nossa vida seja, no
fim, um bem para todos. Como foi a da Maria.
Catarina
Almeida
Directora Executiva da Fundação Maria Ulrich
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