25 de novembro de 2014

A vida de Maria Ulrich: um bem para o mundo

Passam hoje vinte e seis anos sobre a morte de Maria Ulrich.
No livro Encontro com Maria Ulrich no século XXI, as autoras escolheram como epígrafe, sobre o momento final da vida terrena de Maria Ulrich, a expressão «uma missão entregue», escrevendo que «A vida de Maria Ulrich foi sem dúvida um bem para todos os que com ela conviveram mais de perto e também para aqueles de nós que chegando mais tarde puderam encontrá-la. Dentro do desígnio misterioso e bom que rege todas as coisas, uma vida assim foi certamente um bem para todo o mundo. Não terá certamente passado pela cabeça de Maria Ulrich, pelo menos nos momentos iniciais, que o seu encontro com Júlia Guedes viesse a ser tão determinante na sua vida, mas a sua história pessoal torna evidente que a semente lançada pela presença e pela amizade de Júlia veio a germinar em muitas e variadas obras […]. Para nós, que a encontrámos depois, em pleno século XXI, […] fica a vontade, o desafio e o compromisso de levar a vida com idêntica paixão e com a sede de infinito que sempre a caracterizava […]».
Neste momento da nossa história, em que a sociedade portuguesa tem sido abalroada por factos desconcertantes, olhemos para a vida de uma mulher que repugnava a mediocridade, acreditava na força existencial dos homens, ao ponto de ter dedicado a sua própria existência a educar adultos na consciência de quem são, para cimentar o desejo de construir um mundo melhor.
Foi no encontro com a sua amiga Júlia Guedes que decidiu dar crédito a uma circunstância que fazia vibrar o coração, que a chamava, que se apresentava como vocação (vocare). Vemos, hoje, que a vida da Maria, assim vivida, construiu, edificou lugares, pessoas, obras, amizades.
Num mundo que parece desmoronar lentamente, cheio de lugares, pessoas, obras e amizades destruídas, teremos ainda desejo de contribuir, dedicando o nosso trabalho, enquanto expressão do nosso ser, ao bem-comum?
Servir no mundo, construindo lugares de Bem, de Beleza e de Verdade afigura-se como caminho fascinante, que permitirá ir vivendo para que a nossa vida seja, no fim, um bem para todos. Como foi a da Maria.


Catarina Almeida
Directora Executiva da Fundação Maria Ulrich

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